Descortinar o papel das pessoas em ambientes organizacionais é um exercício com múltiplas entradas. A representação humana ocorre no âmbito individual personificado, nos relacionamentos e na expressão social coletiva.
Espera-se que produzam resultados através de suas habilidades laborais, da capacidade de convivência produtiva e da adequação aos modelos de funcionamento dos sistemas. Numa visão tradicional, o profissional entrega trabalho e a organização recompensa-o pelo esforço.
Se tudo fosse tão simples assim, o modelo mecanicista teria até hoje dado conta do relacionamento indivíduo-organização. O filme Tempos Modernos, de Charlie Chaplin é de 1936. Desde então, quantas mudanças…
É pelo trabalho que a pessoa se expressa, contribui para o bem-estar coletivo, se realiza e ativa conexões emocionais e racionais; ganha a vida, enfim. Motivação e produtividade é o que se procura, com ênfase no e. Infelizmente, ainda há um longo caminho a percorrer nessa associação.
Como agregado humano, os comportamentos são determinados por padrões culturais – valores – que subordinam a pessoa singular a uma ordem coletiva de convivência.
Ao mesmo tempo em que relações de autoridade e controle especificam as normas de conduta, a evolução da sociedade, seja pela tecnologia ou por outros determinantes socioculturais, tem levado as organizações a rever seus processos de planejamento, decisão e gestão. Busca-se maior participação, convergência de propósitos e alinhamentos que liberem a criatividade, a expressividade e a contribuição de parte a parte. O valor do prescrito é diluído pela emergência do valor construído. Não há resposta pronta.
Quanto mais o trabalho se manifesta pelo conhecimento (e não apenas como comodidade) maior será a necessidade de o contrato social mudar de trajetória em direção a outras trilhas como aprendizagem, desenvolvimento, fluxos de relacionamento e tudo mais que representa a mudança no trabalho e na vida.
Atualmente, o transitório afeta o permanente, a interdisciplinaridade derruba as barreiras dos monopólios profissionais, a complexidade sobrepõe-se à superficialidade, a ambiguidade ao maniqueísmo, o diálogo ao pensamento único, o móvel ao fixo. O que nos trouxe até aqui é a base da transformação, seja para incorporar a história ou para abrir novos caminhos. A verdade é que vivemos essa transformação na velocidade que nos impõe. Os contratos precisam ser reescritos.